Após anos de angústia, famílias encontram respostas para paradeiro de parentes desaparecidos

“Lembre de Mim”

O projeto “Lembre de Mim” é formado por onze servidores e utiliza o Sistema Automatizado de Identificação Biométrica (Abis) desenvolvido pela empresa Griaule, que fornece a tecnologia de reconhecimento facial, biométrico e serviços na emissão de documentos e pesquisa papiloscópica.

Simone detalha que a ferramenta possibilita o cruzamento das impressões biométricas do cadáver com a base de dados da própria Politec-MT, assim como da Polícia Federal e do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

O projeto envolve quatro etapas: o levantamento de todos os casos de pessoas desaparecidas não identificadas; a catalogação; digitalização do acervo civil do estado; e o processamento dessas impressões digitais no sistema Abis local, que tem os registros de identificação civil.

Em complemento a essas etapas, a equipe realiza busca em laudos do IML, requisições, prontuários hospitalares de evidências que possam auxiliar nas buscas pela identificação.

“O primeiro passo foi o desenvolvimento de procedimentos operacionais padrões. O segundo foi fazer o levantamento desses casos antigos. Um desafio, porque são casos que não estão sistematizados no sistema da Politec-MT e estão disponíveis apenas em versões físicas, arquivados, e alguns registros em livros antigos”, explica Simone ao Olhar Direto.

Sala no IML, em Cuiabá, abriga documentos de corpos não identificados que estão sedo digitalizados e revistos pelo “Lembre de Mim”

A papiloscopista afirma que a proposta é revisar 400 casos de pessoas falecidas não identificadas. O número, porém, é apenas uma estimativa, por conta da ausência de sistematização das informações regionais. “Não tem como precisar esses números. Mas, diante da nossa experiência aqui, atuando já há mais de 24 anos, a gente estima que são 400 corpos não identificados que foi possível coletar impressão digital, sem contar os casos da antropologia forense, por exemplo. Porque a maioria, geralmente, chega como ossada, já quando não tem como coletar [digitais]. E aí nós fazemos o levantamento, catalogamos esses casos, digitalizamos as fichas papiloscópicas com as impressões digitais. Uma vez digitalizado, nós processamos um sistema automatizado de impressões digitais”, detalha.

“Se não encontramos um perfil compatível, correspondente de impressão digital para que a gente possa fazer análise – uma vez que o sistema ajuda, mas quem dá a palavra final, quem faz análise e metodologia científica para confirmar aquela identidade é o papiloscopista -, nós compartilhamos essas impressões digitais com outros estados que também possuem o Abis. Atualmente são 21 estados com essa tecnologia”, completa.

Para fortalecer as ações do grupo, a Politec-MT fechou um contrato com a Griaule para digitalizar prontuários civis, ampliando a base biométrica e aumentando a chance de identificação das pessoas falecidas que ainda permanecem sem identidade.

Com a adoção do sistema de identificação biométrico digitalizado, 52 pessoas tiveram suas identidades descobertas de 127 casos analisados, com óbitos registrados entre 2009 e 2025. Do total de cadáveres identificados, 46 foram por meio do Abis e seis por busca ativa, em trabalho de inteligência forense.

Dentro do projeto, 24 famílias foram localizadas e receberam informações sobre seus familiares desaparecidos, além de documentos oficiais, como certidão de óbito. “Conseguimos localizar essas famílias, comunicá-las acerca do óbito, proporcionar um atendimento humanizado na ocasião da emissão da declaração de óbito e prestar todas as informações necessárias para que elas possam restituir os corpos, normalmente enterrados em cemitérios públicos, como não reclamados”.

O conteúdo completo foi publicado pelo portal de notícias Olhar Direto em 27 de novembro de 2025, disponível neste link.

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