Um corpo desaparecido há 40 dias foi encontrado em estado de decomposição avançada no município do Morro do Chapéu, na Bahia. Devido à sua deterioração, o processo de identificação poderia ser duvidoso, mas um programa de reconhecimento usado até pelo FBI, principal órgão de polícia dos EUA, tornou isso possível.
Trata-se do software desenvolvido pela Griaule, empresa brasileira que produz tecnologia de ponta para o reconhecimento de impressões digitais, face, íris e voz. Hoje, ela conta com clientes brasileiros, como o TSE (Tribunal Superior Eleitoral), delegacias técnicas de diversos estados, hospitais e bancos.
“No ano passado, a gente fechou um contrato com o Pentagono, Departamento de Defesa dos Estados Unidos, para fornecer um sistema de identificação no Afeganistão e no Iraque. Esse é um dos maiores contratos na parte de identificação biométrica do mundo”, disse João Weber, diretor de negócios da Griaule.
Identificação do cadáver
Nesse caso mais recente, devido ao estado de putrefação em estágio esqueletizado, o perito responsável pela investigação, Wênniton Menezes de Souza, precisou fazer uma dissecação da pele que recobre os dedos do indivíduo e depois uma reidratação desta mesma pele, para que as “papilas dérmicas” pudessem se regenerar. Este método é chamado de exame necropapiloscópico.
“Neste momento, a ferramenta Griaule Forensic é muito importante. Ela solidifica o trabalho do especialista em identificação”, explicou o perito. Com os exames necropapiloscópicos e a ajuda do programa, o corpo tol
identificado -e, segundo a família, o homem havia desaparecido há 40 dias.
“A grande dificuldade desses casos é que a polícia encontra uma impressão digital muito danificada na cena do
crime. Com isso, após serem utilizadas as técnicas de perícia, o software possibilita aplicar diversos tratamentos
na imagem do fragmento, como filtros e entre outras ferramentas”, explicou Weber.
Feito todo o processo de tratamento e melhora do material, o programa propicia a identificação das impressões com base no banco de dados de determinada região e estado. Nesse caso, foram usadas as informações do Instituto de Identificação Pedro de Mello (IIPM), da Bahia.
Em outra situação, foi usada a base de dados do TSE para descobrir a identidade de dois cadáveres que não haviam sido reconhecidos. “Agora, a partir do cadastro de eleitores, você consegue resolver crimes. E um resultado muito bom para a sociedade”, ressaltou.
De bebê roubado à fraude eleitoral
Além da identificação criminal, essa tecnologia pode auxiliar em diversos outros usos, como hospitais, eleições e bancos, para evitar fraudes; e outros golpes, como a troca e roubo de bebês.
Nos hospitais, é cadastrada a palma da mão dos recém-nascidos, já que seus dedos ainda são muito pequenos e armazenam pouca informação biométrica. Ainda na sala de parto, a sua ‘identificação palmar’ é colocada juntamente à identificação da mãe para que não haja qualquer conflito.
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